4 de setembro de 2008

Fuga! Liberdade! Paixão! Captura!

O facto de estar a escrever este post na Quarta-feira, 4 de Setembro, e dos factos se reportarem ao passado Sábado, 3o de Agosto, por si só demonstrará o rumo e fatal desfecho desta estória. Ei-la:

O passeio de Sábado à tarde, ao qual o meu dono se escapou com graça e astúcia ("Estou cansado!" , disse), presenciou uma das mais elaboradas, sofisticadas e arrojadas fugas do mundo canino. O Andy, irmão do meu dono, tinha sido destacado nesse passeio para me levar (enfim, puxar-me pela trela, entenda-se, que eu não preciso que me levem, ou vou pelas minha próprias patas!). Num dos jardins perto de casa enrolei a trela numa àrvore. Acto contínuo, o Andy puxou a trela na sua direcção, por forma a que voltasse para o pé dele. No entanto, o espírito de liberdade apoderou-se de mim e fez nascer no meu âmago o desejo de soltar-me! Dei o Latido do Ipiranga e andei para trás soltando-me do peitilho e, portanto, daquela trela opressiva que me impede de ir para onde quero, quando quero! Fuga!





Disparei de imediato! Corri para trás e para a frente, como se não houvesse amanhã! Bem... se não houvesse amanhã não sei até que ponto é que correria assim, mas centremo-nos nos factos. Todo aquele jardim enorme! TODO! Uma cornucópia de cheiros, estímulos mil, bombardeando este corpinho de cãodónis... Liberdade!

Estranhamente, o Andy e a João pareciam estar em pânico! Gritavam, faziam gestos, corriam, enfim, todo o tipo de manobras tácticas - se bem que infrutíferas - para chamar a minha atenção. O pico da sua (deles) preocupação chegou quando me meti na estrada (!) mas a verdade é que o alcatrão não só estava demasiado quente como é excessivamente áspero e agressivo para as almofadas das minhas patas - afinal de contas eu tenho um padrão de qualidade de vida, e quero mantê-lo - fazendo-me voltar atrás.
Falando em qualidade de vida, ao voltar ao jardim vi, a alguns metros de distância (ainda não sei bem quanto é um metro, e por isso evito dar um palpite menos genérico), uma cadela belíssima que se tornou de imediato o destino óbvio das minhas deambulações. Paixão!


Ai, mas do pináculo mais altaneiro ao poço mais fundo vai apenas um degrau! A cadela vinha - pasme-se! - acompanhada de humanos, e a João, matreira, aproveitou o facto para, gritando-lhes, pedir-lhes que me apanhassem, o que eles prontamente fizeram, fascinados, certamente, pela beleza hipnotizante que iradia (ou pelo menos é assim que o Pedro a descreve, ele lá deve saber). (Eh pá, que frase tão longa!). Captura!

E pronto, eis como uma fuga planeada durante ANOS, cuidadosa e meticulosamente delineada nas longas horas de silêncio e horror nas catacumbas à qual fui atirado, sem dó nem piedade, na flor da idade, se vê frustrada, mutilada, aniquilada.

...

Ok, ok, posso estar a exagerar um pouco; a liberdade criativa é uma premissa essencial de qualquer escritor e defendo o meu direito a, uhm, digamos, colorir um pouco a minha estória para lhe dar um cunho mais emocional, mais intenso, mais canino.
A verdade, claro, é que apenas desejava correr um pouco; não tardaria nada voltaria para juntos dos meus amigos humanos e abanaria a cauda alegremente de volta para casa; não era preciso o reality show de trazer por casa. O Andy até escreveu um post no seu blog, tão traumatizado ficou o pequeno!
Enfim, gostam muito de mim, e não me querem perder, que posso eu dizer? É natural.

1 comentários :

  1. Joana Oliveira disse...

    Olá Rafy

    Que bem escreves, e nós huamanos que pensávamos que os talentos caninos eram um pouco mais limitados...muito nos enganamos.
    Pois olha, espero conhecer-te um dia, um dia quando vá visitar os teus donos e dar-te muitas festinhas (algo que pareces apreciar)
    E vai mantendo esse hábito tao saludar que é o da escrita e entrarás seguramente para os anais da história mundial como o primeiro cao escritor.

    Festinhas com carinho

    Joana