23 de agosto de 2008

Senhoras e senhores... simplesmente Maria

Para quem não saiba, a Maria é uma lady.
Há adjectivos assim:

Idiota: George W. Bush
Salvadora: Tia Nely
Espectacular: Rafy Darwin

Lady é a Maria. E pronto.

...

Ah, pois, não a conhecem, vamos lá remediar isso :)


A Maria é a cadela da João e da Zélia, a mãe da João. Leitores atentos deste blog de referência aperceber-se-ão que a João também é minha dona. Tal facto, no entanto, não gera problemas: eu limito-me a ser um pouco ciumento e a querer a atenção toda para mim, algo perfeitamente justificado pela minha maneira de ser e percepção da minha importância no mundo. Que digo eu, no universo! Mas voltemos à Maria.

A minha companheira de férias (e que agora, aparentemente, também vive comigo, na minha casa em Madrid) é enorme, e senhora para já ter os seus 11 anitos, mas não pensem por isso que está arrumada; pelo contrário, foi senhora até para lançar o seu charme para este vosso criado, que soube aproveitar de imediato a deixa - as pernas traseiras dela (é aí que tem que ser, não é?) não se me escaparam!


Por outro lado a idade já deve pesar um pouco à cota, pois é assim um bocado para o pachorrenta e mole, preferindo ficar deitada a descansar do que a correr freneticamente de um lado para o outro do corredor, prática, aliás, que devia ser tida em conta para as Olimpíadas, permitindo-me assim sonhar com o pódio.

Se quiseres ver mais fotos da minha amiga, dirige-te a este álbum de fotos.

Xinapá, agora é que a fiz bonita!

Pois é, eu não sou só o cão carinhoso e fofo e querido e especial que todos pensam... também tenho um lado mau, perverso, rancoroso!

Ontem os humanos cá de casa foram-se todos embora e deixaram-nos sozinhos, a mim e à Maria. Não sabes quem é a Maria? Já te explicarei num post a seguir.
Ora, eu d-e-t-e-s-t-o que me deixem sozinho em casa, pois estou habituado - como lord que sou, entenda-se - a ter sempre companhia humana e a nunca estar sozinho. O meu lado vingativo veio ao de cima e saltei para o sofá, deixando nele uma bela xixizada.

Ups.

Claro que 10 minutos depois o Pedro estavam de volta (parece que eles foram falar com não sei quem acerca de não sei quê ali à entrada do bairro, qualquer coisa a ver com uma bicicleta roubada ou sei lá eu o quê). Eu mantive-me low profile, pois não queria levantar suspeitas. O Pedro varreu a casa toda e depois passou a esfregona - manias, não sei porque é que faz isto todos os dias. Estava precisamente a acabar (já que a sala foi a última divisão que limpou) quando se apercebeu do, errrr, acidente.

Ui, ui.

Nunca o tinha visto tão zangado. Acho que desta é que meti mesmo a pata na poça. Ou desta é que fiz uma poça ;).

Enfim, o dia acabou comigo fechado um bom quarto de hora na marquise e a ser, a partir daí e até à noite, quando a João e o Alexandre voltaram, amplamente ignorado.

Que triste é, a vida de um animal vítima dos seus instintos, incapaz de resistir ao chamamento da vingança, do rancor, da malícia!

20 de agosto de 2008

Uma visita à Veterinária

Há uns dias atrás (dia 4 de Agosto, para sermos exactos) o meu dono levou-me à veterinária. Deixou-me lá de manhã (às 11h) mas estranhamente só me foram buscar (ele e a vovó Zélia) quase às 7 da tarde. Digo estranhamente porque não me lembro de ter passado tanto tempo. Só me lembro da veterinária me fazer umas festas boas e de ter adormecido. Quando acordei, ainda zonzo do sono (condição que se estenderia por umas boas 36 horas mais) tinha os pelos à volta da genitália rapados. Estranho, certo?

Enfim, o Pedro pediu-me para escrever algo sobre o assunto e decidi conceder-lhe esse privilégio; afinal de contas, ele faz-me tantas festas, que de alguma maneira sinto que devo retribuir. Passo a palavra.

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Após detalhada investigação do tema, a João e eu decidimos esterilizar (isto é, castrar) o Rafy. Neste exacto momento, 99,9% por cento dos potenciais leitores deste blog estão a pensar

O quê?!?!? Que horror!!!!!

No entanto creio poder vaticinar que a maioria mudará de opinião no final deste post. Ou talvez não: continua a ler para saber se a tua opinião se altera.

No processo de aprendizagem sobre como cuidar do meu futuro cão, uma tarefa que assumi com um misto de responsabilidade severa e de indisfarçável alegria, vi, entre muitos outros tópicos, várias referências à esterilização de cães, tanto machos como fêmeas. Em tempos muito remotos li algo sobre o assunto, em sites de direitos dos animais, mas tinha ficado com a ideia de que a única razão para o fazer seria o controlo populacional, e nada mais. Seria, portanto, uma vantagem para o colectivo, mas não necessariamente para o individuo.
A minha primeira reacção foi de um certo cepticismo: seria isto uma daquelas tendências estúpidas de "facilitar" a vida aos donos, estragando a vida do bicho? Lembrei-me de imediato da prática de remoção das unhas aos gatos para evitar a chatice de sofás estragados. Absurdo.

No entanto, quanto mais li mais me apercebi das semelhanças entre diferentes sites e autores:

  • os textos aos quais dei crédito são escritos por veterinários, não por amadores. Estes últimos baseam-se praticamente só na vantagem colectiva (como neste texto, em cache do google se não o conseguires ler no site original) e por isso não os tomei em consideração.
  • todos referem razões e vantagens similares, apesar de serem escritos por pessoas de nacionalidades distintas (americanos, britânicos, mexicanos, brasileiros)
  • várias das razões referidas são vantagens directa e primariamente para o cão em si, não para os donos, ou para os vizinhos, ou para quem quer que seja. Estas razões são as que verdadeiramente me interessam.
Há uma série de mitos em relação a este tema; eles nascem, quase sempre, da ignorância em relação aos factos (razões, vantagens, possíveis desvantagens e a probabilidade de estas existirem) e de uma de duas tendências: ou humanizar a experiência canina (eu não quero ser castrado, logo o meu cão também não quererá) ou naturalizá-la em demasia (não é natural castrar um animal).

A reacção emocional de repulsa e recusa desta prática (ou sequer de a mencionar como hipótese) é comum; até poderíamos dizer que é "natural". No entanto, e como em quase todas as situações, devemos informar-mo-nos sobre o tema antes de passar juízo, por forma a podermos ter uma opinião segura (e não apenas baseada no calor do momento).

Vejamos então, e resumidamente (pois não tenho paciência para grandes detalhes, para isso estão os links no final) os factos e mitos sobre o tema.

A esterilização dos cães traz várias vantagens para o animal. Também traz vantagens para os humanos que convivem com o bicho. Vejamos as primeiras:
  • Prevenção de Doenças
    Diminuição de incidências de cancro mamário, problemas de próstata, tumores perianais e hérnias.
    Eliminação total de canco testicular (claro...) e uterino (pois...) bem como outras doenças e problemas do útero.
    Poder-se-á alegar - e tem a sua lógica - que é óbvio que a remoção de orgãos elimina problemas nos mesmos. Acontece é que estes orgãos só são necessários para a reprodução, e, como veremos a seguir, é boa ideia impedi-la.

  • Diminuição de Frustração e Stress
    Um cão (macho) castrado não sentirá a frustração e stress de, apesar de conseguir cheirar cadelas com o cio, não poder abrir a porta do apartamento e do prédio e de ir à rua ver se consegue namoro. Ao perder esse instinto (que não desaparece de um dia para o outro, mas sim passado algum tempo, como se pode ver nesta foto comprometedora - apesar da falta de pontaria - do Rafy com a Maria, pós-operação) perderá a frustração que é ter o corpo a pedir algo que não vai conseguir (até porque não o deixaria, no caso do Rafy, pois como seu responsável, não quero ver-me a braços com uma ninhada indesejada e sem casa para onde ir).
    Uma cadela deixa de ter casos de gravidez psicológica (olá Maria!) com o stress e frustração daí resultante.
Estas duas vantagens globais (isto é, estes 2 conjuntos de várias vantagens individuais) são suficientes para que a esterilização do cão/cadela seja a opção a tomar, tendo em conta que as possíveis desvantagens (ver abaixo) são raras e muito menos graves que os problemas que se evitam, e que os mitos prevalecentes não são realistas.

Vejamos agora vantagens para os humanos que convivem com o cão (que tecnicamente não interessam como as anteriores interessam, mas que podem pesar na decisão dos donos):

  • Adeus à gravidez indesejada
    A cadela aparece grávida e agora há que arranjar quem fique com uma data de canitos?
    O cão namorou com a cadela do vizinho e ele ficou a braços com uma ninhada indesejada?
    Agora já não.

  • Adeus aos problemas do cio
    A cadela está agitada e stressada em casa e na rua mete-se com os cães todos?
    O cão está inquieto em casa e doido na rua?
    Agora já não.

  • Diminuição do comportamento agressivo e territorial
    Se um cão for agressivo ou territorial (gostar de marcar o terreno por todo o lado) essas tendências diminuem, regra geral, consideravelmente.

  • Aumento de concentração
    O treino do animal (se se fizer) será mais fácil pois, regra geral, o cão estará mais atento e por mais tempo, pois não ligará às distracções de origem hormonal à sua volta.

Há que referir ainda a vantagem incontornável de reduzir o excesso populacional dos cães (e gatos, já que falamos disto) : existem demasiados animais domésticos que acabam por ser mortos ou abandonados.


Eis as possíveis desvantagens:
  • Aumento de tamanho nos cães
    É possível que o cão fique ligeiramente mais alto do que ficaria se não fosse esterilizado. Ligeiramente é a palavra operativa na frase anterior.

  • Incontinência
    É possível que, em alguns casos, o cão fique com alguma incontinência. Não é raro, mas também não é comum.

  • Esterilizar é uma operação invasiva desnecessária
    Sim, mas pode impedir outras operações futuras que derivem de doenças que apanhe. Além disso, é uma operação bastante simples (sobretudo no caso dos machos) e possíveis complicações aparecem numa pequeníssima minoria de casos.

  • Esterilizar é caro
    Pois é (eu paguei 150 Euros pela cirurgia e 40 pela injecção de antibióticos), mas quem disse que ter um cão era barato? Além disso poderás estar a poupar dinheiro no futuro, impedindo doenças cuja cura pode ser mais cara ainda.

Falemos agora dos mitos (e receios) mais comuns associados a esta prática. Existem outros, mas estes são os mais comuns:

  • Os cães ficam gordos e preguiçosos
    Talvez... se não fores um dono minimamente cuidadoso. Se vires que está a ficar mais gordo, reduz a quantidade de comida (melhor ainda, de guloseimas) que lhe dás. Além disso, lá porque está menos agressivo não quer dizer que não queira fazer exercício. Sai, corre e brinca com ele e verás que não fica preguiçoso.

  • Os cães ficam frustrados e infelizes por perder a virilidade
    Esse mito nasce da ideia de que os cães e os humanos são iguais quando não o são ;)
    Ao contrário de um ser humano, o cão não tem expectativas em relação aos seus (hipotéticos) futuros filhos e não tem vontade de brincar com netos. Um cão (macho) nem sequer sabe/percebe que os cachorros que a sua, errr, namorada pariu, são seus filhos. Nos cães é apenas uma questão hormonal, não sentimental ou emocional.

  • Não é natural castrar um cão
    Pois não... mas o que é que é natural na vida de um cão? A espécie canina é radicalmente diferente de todas as espécies selvagens e bastante diferente das restantes domésticas. A vida de um cão doméstico não tem nada a ver com o que em tempos foi natural para a sua espécie. A sua sobrevivência depende, em grande medida, dos humanos com que convive, que lhe trazem ao comedor comida preparada, àgua limpa, brinquedos e tratamentos médicos. Não vivem ao relento, não têm predadores, enfim, são uns lordes, e ainda bem :)
    No entanto, e como estão à guarda de um humano, o mais acertado, creio, é que esse humano pondere o que é melhor para o seu amigo canino e por isso decida fazer todas essas coisas anti-natura aqui descritas... e esterilizá-lo. Ah, operá-los para que não morram de uma doença também é anti-natura, e no entanto nem pensarias em não o fazer!
Enfim, isto é apenas uma visão geral sobre o tema e espero que neste momento a tua opinião, se antes era negativa, tenha mudado e que concordes que o Rafy ganhará mais do que perderá com esta decisão - ou não, a mim que me importa o que penses? ;)
Seja como for sugiro que visites os seguintes links (incluindo referências para estudos científicos em alguns deles) para teres uma informação mais completa:

http://www.peteducation.com/category_summary.cfm?cls=2&cat=1625
http://www.nal.usda.gov/awic/pubs/SpayNeuter/general.htm
http://www.nal.usda.gov/awic/pubs/SpayNeuter/
http://www.terra2.com/ab/totem/castracao.htm
http://etdr.doberinfo.com/health/spayinfo.html
http://www.tuperro.com.mx/01_06_03_repro_esterilizar.html
http://www.apbc.org.uk/article4.htm
http://www.veterinarypartner.com/Content.plx?P=A&A=574&S=1&SourceID=42
http://www.veterinarypartner.com/Content.plx?P=A&A=584&S=1&SourceID=42
http://www.doghause.com/spay.asp
http://www.hsus.org/pets/pet_care/why_you_should_spay_or_neuter_your_pet.html

19 de agosto de 2008

Férias em Agosto


Para o caso de ainda existirem dúvidas em relação ao título de Cão Mais Lindo do Mundo permitam-me que esta minha foto as oblitere, dissipe, rebente e massacre.

Vosso,
Rafy