29 de setembro de 2008

Cria pródiga ao blog regressa

Olá fiéis seguidores da Igreja de Todos-os-Beagles e arraçados!

Não há nada a temer! O fim do mundo não está perto (acho eu...)! As águas não se levantarão, os ventos não rugirão, a terra não se abrirá! Estou aqui, e estou de volta!
O Pedro, simpático como sempre, tomou conta do computador e não me deixou acesso ao mundo exterior (tecnologicamente falando, está bem de ver) nas últimas três semanas. Ele bem me disse que era tudo trabalho, mas eu vi, porque sou matreiro e esperto, as boas e longas horas que ele passou às voltas com a sua lista de filmes. Trabalho... yeah, right!

Seja como for, e agora que ele voltou a trabalhar num horário "normal" pude finalmente ter o computador só para mim, muahahahahah (riso diabólico). Está na hora de colocar as novidades em dia, pois são muitas.

Vamos ver... primeiro tivemos a chegada de um rapaz chamado Daniel [blog aqui e aqui] ao meu Chateau. É irmão da Susaninha e, tal como ela, grande amigalhaço aqui da família, pelo que deduzi de imediato que iria ser meu amigo. Não defraudou, pelo contrário, pois passeia-me muitas vezes, dá-me comida e gosta muito de mim. O que não deixa de ser óbvio, tendo em conta as minhas qualidades sociais. :)
O Daniel, segundo me explicou o Pedro, vai ficar cá este semestre lectivo, para fazer não sei quê de Erasmus numa coisa chamada Universidade, não percebi muito bem, mas abanei a cauda com um ar de entendido. Já se sabe, na política, mais vale parecer do que ser.

Uns dias depois voltamos a ter a visita do João Pedro, o irmão da João. Claro que investiguei de imediato se o Andy e a Maria vinham com ele (ver esta entrada para a contextualização). Não vinham, mantendo-se assim o mistério e a angústia. Que será feito deles? Que lhes terá feito o João Pedro?
Seja como for, e numa clara demonstração da minha falta de rancor ou ódio, fiz as pazes com ele, e aceitei-o no seio do clã. O facto dele ter sido muito carinhoso e bricalhão comigo e me ter levado a passear não influiu nada. A sério.

Há dois fins-de-semana atrás, e sem que me avisassem (teria vestido uma farpela melhorzita, teria tomado banho, eu sei lá...) tivemos a visita da família em peso do Daniel!
Veio o Pai dele, a Mãe, a Irmã (olá Su!), o Cunhado (Senhor Brito...) e o Igor, cão desta gente toda! O meu exército, como podes deduzir, caro leitor, vai crescendo a olhos vistos - não tarda nada é o domínio do Mundo!

As pessoas vêem e as pessoas vão e ficámos em casa só os suspeitos do costume. A grande diferença foi ter-me apercebido que o Pedro também trabalha de noite, o que por um lado é um pouco confuso para mim - como deves saber, nos os cães gostamos de regras, disciplina, repetição - mas por outro foi bom, porque assim estive sempre acompanhado.

Por fim, neste fim-de-semana transato, aconteceu algo estranho e digno de nota. Fomos de visita aos amigos Rafa e Andressa, uns amigos que os meus donos adoram - sou um excelente observador e topo estas coisas - mas estes tinham a casa toda de pantanas, com tudo empacotado e em sacos! O mais bizarro é que depois fomos a outra casa, uma que nunca tinha visto, onde estava tudo também em caixas e sacos! O que se passará com esta gente? Que fará com tanto saco e caixa de uma casa para outra? Mais mistérios da espécie humana que algum dia espero conseguir resolver.

E é tudo, fiel seguidor. Mantém-te sintonizado para estares informado!

4 de setembro de 2008

Thank you for the music

O Pedro tantas vezes ouve a mesma música que acaba por me fazer gostar dela. Claro que a pergunta impôe-se: porque é que este rapaz escuta em loop a mesma música, uma e outra e outra vez? Repara que não estou a falar de alguma música da qual ele esteja a tentar sacar as notas, lá com os instrumentos musicais que tem - tarefa, diga-se de passagem, na qual falha metodicamente.
Não é isso. É ouvir a mesma música uma e outra e outra vez, enquanto lava a loiça ou limpa o chão ou assim, e salta e canta com aquela voz esganiçada e completamente desafinada... ai, espero que ele não leia isto.

Enfim, eis a música para perceberem do que falo. O grupo chama-se Of Montreal (mas não, não são do Canadá!) e a música Suffer for fashion.

Poderás escutá-la se clicares com o rato no nome do ficheiro, abaixo. É ou não é de ladrar aos céus?





Sozinho! Abandonado! PORQUÊ!?

Que terei eu feito? Que crime, que injúria, que infâmia pesará sobre o meu dorso (apesar de não os sentir)? Se me culpam, de que me sou acusado? Será que já não gostam de mim? As dúvidas, a ignorância, a longa e escura noite do desconhecido, porquê??

Na terça-feira, e poucos minutos após o rapto da Maria e do Andy por parte do irmão da João (força amigos, espero que esteja tudo bem convosco!), a João saiu de casa com a Mónica, uma rapariga que também cá vive, pelos vistos, pois estou sempre a vê-la cá em casa, e ela está sempre a fazer-me festas. Ora, a João sair de casa não é por si só um problema. O problema nasce é do facto de, duas horas antes, o Pedro ter saído também. Sabes o que isso significa, caro leitor? Sabes? Foram-se embora! Deixaram-me sozinho, em casa, sem ninguém!

Não imaginas o terror, o pânico agudo que senti pela minha espinha fora: Sozinho! E agora? Voltariam? Deixar-me-iam para sempre? Sim, deixaram-me comida e água, mas não vai durar para sempre! Tenho a minha cama para dormir, mas e o Inverno? Tenho algum espaço para me mover, pois deixaram-me acesso ao hall de entrada, à cozinha, à marquise e ao corredor, mas... e se definho por falta de exercício? Traição! Porquêêêêê!?

Bem, como podem ver, mais que não seja porque estou a escrever isto (e a porta do escritório estava fechada), o suplício de Tântalo não durou para sempre. Oito horas depois, contadas ao segundo (dá 28 800 segundos, para os mais curiosos/masoquistas), oiço pela marquise a voz do Pedro! Salvo! Afinal há esperança!

Mal entrou pela porta saltei para cima dele como um possesso, um demónio assírio, a fúria e a tranquilidade, a raiva e o alívio. Não me abandonaram, só quiseram fazer-me sofrer! Respirei fundo e voltei a ter a pressão arterial em níveis decentes, mas continuava revoltado por não compreender o que se tinha passado! Porquê 8 horas? Porquê tanto tempo? Não poderia um deles ter ficado em casa? Porquê sairão todos? Mistérios que continuam por ser compreendidos.

Enfim, o que interessa é que de facto ele voltou e me deu muitos mimos e levou-me a dar um grande passeio (que ainda assim terminou no veterinário, para outras estranhas picadelas no meu dorso e comprimidos atirados para a minha goela). . Estranhamente não parece ter ficado chateado com as duas generosas poças de chichi que lhes deixei de presente no hall de entrada; limpou e não me disse nada.

Ontem, a estória repetiu-se; voltaram a deixar-me sozinho em casa, voltei a ficar alterado, mas estranhamente não me preocupei tanto... terá tido alguma coisa a ver com uns comprimiditos que o Pedro meteu no meu leite matinal? Nunca o saberemos.

Maria e Andy raptados!


Choque!
Horror! Consternação!

A Maria e o Andy foram raptados!
Na Segunda-feira passada apareceu cá em casa, todo matreiro, um tipo alto e magro chamado João Pedro, que, segundo ouvi dizer, é irmão da João (mas esta gente não sabe que há mais nomes no mundo para lá de João e Pedro?!!?). Ora bem, ele até pode ser parente, não digo que não, mas o que é certo é que no dia a seguir, bem pela manhãzinha, ele, o Alexandre e a Maria saíram porta fora, e nunca mais os vi. O Pedro e a João estão aparentemente despreocupados com o assunto, mas eu sou astuto o suficiente para perceber que aquilo é tudo fachada e que na realidade estão tão preocupados como eu... só que devem querer poupar-me o sofrimento a mim, tão queridos.

No entanto, e como uma desgraça nunca vem só, poucos minutos depois começou aquele que se viria a comprovar ser um dos mais angustiantes dias da minha vida, alterador da minha psique, perturbador do meu equilíbrio, devastador para os meus planos de dominação mundial. Siga faz favor para o próximo post, pois eu cá gosto de ter os temas bem separados, é próprio de mentes avançadas, não tentes compreender ;)

Cinco Quilómetros Marcha

Domingo, 31 de Agosto, 18h. A pior parte do dia, aquele calor bruto do zénite solar, já passou; voltamos a poder respirar. O Pedro e a João decidem que é boa ideia ir à rua (quando é que não é, pergunto?), e lá vamos os 5 passear. Longe estava eu, no entanto, de saber que o passeio seria na realidade de 2 quilómetros e meio para lá, e outros tantos para cá! Isto é que foi passear!
Fomos a um sitio chamado Príncipe Pio (ver mapa abaixo), ter com duas amigas dos meus donos, a Adriana e a Cláudia (que acumula, sendo colega do Pedro no emprego) e descansar à sombra de uma esplanada, bebendo água através do método garrafa > mão do Pedro > boca do Rafy.

O caminho em direcção ao tal Príncipe Pio incluía uma ponte enorme, altíssima, que cruza um rio que, verdade seja dita, me assustou um pouco - toda aquela água, aquela altitude... enfim, foi um misto de interesse e receio, prova de que sou um ser emocionalmente complexo, como todos os grandes líderes da História.

Enfim, foi uma tarde bem passada e permitiu-me reconhecer mais terreno à volta da minha mansão, expandido assim - de acordo com os planos, aliás - a minha área de influência, o meu círculo de domínio, o meu diâmetro de acção. Parece-me bem.

Fuga! Liberdade! Paixão! Captura!

O facto de estar a escrever este post na Quarta-feira, 4 de Setembro, e dos factos se reportarem ao passado Sábado, 3o de Agosto, por si só demonstrará o rumo e fatal desfecho desta estória. Ei-la:

O passeio de Sábado à tarde, ao qual o meu dono se escapou com graça e astúcia ("Estou cansado!" , disse), presenciou uma das mais elaboradas, sofisticadas e arrojadas fugas do mundo canino. O Andy, irmão do meu dono, tinha sido destacado nesse passeio para me levar (enfim, puxar-me pela trela, entenda-se, que eu não preciso que me levem, ou vou pelas minha próprias patas!). Num dos jardins perto de casa enrolei a trela numa àrvore. Acto contínuo, o Andy puxou a trela na sua direcção, por forma a que voltasse para o pé dele. No entanto, o espírito de liberdade apoderou-se de mim e fez nascer no meu âmago o desejo de soltar-me! Dei o Latido do Ipiranga e andei para trás soltando-me do peitilho e, portanto, daquela trela opressiva que me impede de ir para onde quero, quando quero! Fuga!





Disparei de imediato! Corri para trás e para a frente, como se não houvesse amanhã! Bem... se não houvesse amanhã não sei até que ponto é que correria assim, mas centremo-nos nos factos. Todo aquele jardim enorme! TODO! Uma cornucópia de cheiros, estímulos mil, bombardeando este corpinho de cãodónis... Liberdade!

Estranhamente, o Andy e a João pareciam estar em pânico! Gritavam, faziam gestos, corriam, enfim, todo o tipo de manobras tácticas - se bem que infrutíferas - para chamar a minha atenção. O pico da sua (deles) preocupação chegou quando me meti na estrada (!) mas a verdade é que o alcatrão não só estava demasiado quente como é excessivamente áspero e agressivo para as almofadas das minhas patas - afinal de contas eu tenho um padrão de qualidade de vida, e quero mantê-lo - fazendo-me voltar atrás.
Falando em qualidade de vida, ao voltar ao jardim vi, a alguns metros de distância (ainda não sei bem quanto é um metro, e por isso evito dar um palpite menos genérico), uma cadela belíssima que se tornou de imediato o destino óbvio das minhas deambulações. Paixão!


Ai, mas do pináculo mais altaneiro ao poço mais fundo vai apenas um degrau! A cadela vinha - pasme-se! - acompanhada de humanos, e a João, matreira, aproveitou o facto para, gritando-lhes, pedir-lhes que me apanhassem, o que eles prontamente fizeram, fascinados, certamente, pela beleza hipnotizante que iradia (ou pelo menos é assim que o Pedro a descreve, ele lá deve saber). (Eh pá, que frase tão longa!). Captura!

E pronto, eis como uma fuga planeada durante ANOS, cuidadosa e meticulosamente delineada nas longas horas de silêncio e horror nas catacumbas à qual fui atirado, sem dó nem piedade, na flor da idade, se vê frustrada, mutilada, aniquilada.

...

Ok, ok, posso estar a exagerar um pouco; a liberdade criativa é uma premissa essencial de qualquer escritor e defendo o meu direito a, uhm, digamos, colorir um pouco a minha estória para lhe dar um cunho mais emocional, mais intenso, mais canino.
A verdade, claro, é que apenas desejava correr um pouco; não tardaria nada voltaria para juntos dos meus amigos humanos e abanaria a cauda alegremente de volta para casa; não era preciso o reality show de trazer por casa. O Andy até escreveu um post no seu blog, tão traumatizado ficou o pequeno!
Enfim, gostam muito de mim, e não me querem perder, que posso eu dizer? É natural.

Um jantar ao ar livre

Desculpas mil, estimado leitor: tenho estado demasiado tempo longe deste teu porto seguro, deste teu ninho de informação correcta, verídica, fiável, certeira.
Chama-se preguiça.

Mas cá estou de volta, para reportar as minhas mais recentes aventuras! Neste primeiro post pós-mini-férias-longe-do-computador centrar-me-ei nos eventos de Sexta passada, dia 29.

Após uma manhã e tarde aparentemente normais e sem eventos importantes - digo aparentemente pois estou sempre a aperfeiçoar o meu plano de domínio do planeta no próximo trimestre - à noite os meus donos decidiram aproveitar o facto de terem recebido os respectivos ordenados e marchámos todos para a garagem, metemo-nos no carro e lá fomos nós para terras desconhecidas, caminhos não-trilhados, mato por desbravar!... Enfim, fomos jantar a uma esplanada aqui:


Ver maior

O sítio era muito interessante, sobretudo porque haviam mais cães na esplanada! Na mesa ao lado da nossa estava uma cadelinha meeeeeeeeeesmo fixe, que passou o tempo todo a brincar comigo. Fingíamos que lutávamos e o tempo passou a correr! Claro que a Maria, cota como é, ignorou-nos por completo, até porque estava de olho num canzarrão que a estava a micar umas mesas mais acima.

Após o jantar decidiu-se por unanimidade dar-se um passeio rua abaixo e rua acima, antes de fazer a viagem de regresso; essa decisão não só foi acertada (a bexiga pedia alívio) como inesperadamente afortunada, pois os meus donos e o Andy estiveram à conversa com uma senhora muito simpática que fez festas a mim e à Maria e nos deu - surpresa! - uns bons nacos de pão a cada um. Claramente o meu charme derruba barreiras de todo o tipo, sejam a nível de espécie, lingua ou território - a minha persona (canidona?) é irrestível!

Já a seguir... fuga e captura no passeio de Sábado à tarde! Não percas!